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sábado, 23 de agosto de 2014

Ilha do Mel-PR


       A Ilha do Mel está situada à entrada da Baía de Paranaguá. Possui uma superfície de 2.762 ha e um perímetro de aproximadamente 35km. É constituída por duas áreas nitidamente definidas, unidas por um istmo de 15m de largura no seu ponto mais estreito. Pertencente ao município de Paranaguá, seu acesso se dá apenas através de embarcações que saem de Pontal do Sul (30 min de viagem), ou de Paranaguá (1h30).
       Em 1975, a Ilha do Mel foi tombada pelo Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do estado do Paraná, a fim de preservar a sua paisagem, flora (composta de vegetação subarbustiva e arbustiva típica das restingas, além de haver manguezal) e fauna, além de conservar hábitos tradicionais de seus antigos habitantes, evitar o turismo predatório e impedir a especulação imobiliária, que consequentemente causaria uma ocupação desordenada da região.
       Essa viagem foi muito especial para mim, pois foi a primeira viagem que fiz sozinha, porém, conheci tanta gente bacana, que não fiquei sozinha em nenhum momento. Além disso, conheci muita gente com um estilo de vida bem diferente: moradores da ilha; pessoas que estavam morando temporariamente, trabalhando por lá no verão, em bares, restaurantes, e fora de temporada voltavam para suas respectivas cidades, principalmente Curita; ou mesmo, turistas, simplesmente. Pessoas que viviam uma vida simples, mas que possuíam uma riqueza cultural imensa e diversa. Isso, de uma certa forma, incentivou-me a reativar alguns sonhos antigos, como escrever esse blog, por exemplo.
       

       Transporte - Ida

       Desci no aeroporto Afonso Pena. Lá mesmo peguei um ônibus coletivo que custou cerca de R$ 2,70 em direção à rodoviária. Aliás, fiquei impressionada com a qualidade do transporte em Curitiba, pelo menos em comparação com outras cidades do Brasil. O ponto de ônibus era uma espécie de tubo em acrílico, onde você já pagava a sua passagem. Muito bem pensado, afinal, os nossos governantes pelo resto do país deveriam pensar que quem depende de ônibus acaba molhado de chuva enquanto esperam num ponto com aquela simples cobertura de concreto. Outra coisa que achei fantástica, é que aquela "casinha de acrílico", como fica num nível mais alto do solo, possui uma espécie de plataforma elevatória para cadeirantes, ou mesmo, para mulheres com carrinhos de bebê. Assim, quando o ônibus chega, o nível da "casinha" está no mesmo nível do chão do ônibus. Uma ideia relativamente simples certamente melhorou muito a mobilidade para cadeirantes, ou mesmo pessoas com excesso de bagagem. Cheguei na rodoviária. O ônibus que leva para a Ilha do Mel é da viação Graciosa, e custou R$ 29,90. Há 2 opções: descer em Paranaguá, mas aí a viagem de barco é mais longa (1h30), ou fazer como eu, descer em Pontal do Sul, na última parada, onde dali a viagem de barco leva cerca de meia hora. Como eu comprei minha passagem pela net, chegando na rodoviária, eu tive que ir num dos guichês para imprimir o bilhete do ônibus através dos dados contidos no voucher comprado pela net. 
       É importante ressaltar que o limite diário de pessoas na Ilha do Mel é de 5.000 pessoas, segundo a  Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, por isso, em períodos de alta temporada, é prudente não deixar pra ir muito tarde para a ilha.

Chegando à Ilha do Mel

       Hospedagem


    Apesar de carregar uma mala, em vez de uma mochila, sou, ainda assim, uma mochileira...rsrsss. Por essa razão, costumo me hospedar em hostels. Não somente pelo baixo custo, mas também para fazer amizades. Ainda mais dessa vez, que foi minha primeira viagem sozinha.
       Fiquei então no Hostel Encantadas Ecologic, um hostel com ar bem roots, como tudo na Ilha do Mel, mas que era também muito limpo. O Pedro é o dono do Hostel, e é quem nos faz o café, a limpeza, é o cara que cuida de tudo!!! Paizão mesmo. Até bronca ele dá... rsrsss. Mas super recomendo se hospedar lá!!!
     Aliás, na Ilha do Mel, apesar de ter a divisão das regiões em: Encandas, Brasília, Farol, Fortaleza e Praia Grande; há, na realidade, 2 vilas principais: a Encantadas, que é a parte mais roots mesmo, com cara de vila de pescador. Ou seja, acertei sem querer na minha escolha!!! rsrssss. Já a Vila de Brasília é mais estruturada.


       Curtindo a Ilha

      No primeiro dia, dei uma volta pela praia Encantadas, onde fica o Trapiche (lugar onde atracam os barcos). Em seguida, fui à praia do Mar de Fora, que fica do outro lado da ilha. Ainda assim, é bem perto pra ir a pé de uma praia a outra. Aliás, na Ilha do Mel não entram carros. Energia elétrica tem somente nas casas. Nas ruas, que são de chão de areia, tem que andar de lanterna. Os nativos estão tão acostumados à andar à noite pelas ruelas da Ilha, que nem usam lanterna. Aliás, as ruas tem partes mais estreitas onde as árvores se juntam acima, formando uma espécie de cobertura. Muito bonito!!!


         Praia do Mar de Fora

       Eu fui em meados de fevereiro, então a Ilha não estava tão cheia. A praia do Mar de Fora estava deserta. Uma imensidão de areia... Não de extensão da praia, que nem era tão grande, mas sim extensão de areia para chegar até o mar. Nunca vi uma praia com tanta extensão de areia para chegar até o mar como aquela! Após o sol começar a se pôr e a lua imensa aparecer no céu, o espetáculo da natureza foi ainda mais belo. Que lugar bonito! O que achei interessante de ver ali da praia do Mar de Fora foi a grande fila de navios que se formavam em direção ao Porto de Paranaguá. E não é à toa, já que o Porto de Paranaguá é o maior porto graneleiro da América Latina. À noite, aqueles navios todos enfileirados mais pareciam uma cidade no continente (só que como o nome já diz, a praia do Mar de Fora é de mar aberto).

Imensidão de Areia da Praia do Mar de Fora
Vista do Morro do Sabão para a Praia do Mar de Fora

       Luz Verde

       À noite, fui curtir um agito no bar Luz Verde. Estava com um pessoal do hostel, fiz amizade com os locais.
       Trata-se de um bar bem característico, quase um boteco mesmo, que fica na Vila Encantadas, na praia do Trapiche. Ambiente simples, mas muito convidativo. Naquela noite tava tocando uma reggaera muito massa!!! Mas começou a ventar forte, o que obrigou o pessoal a entrar. Jogamos sinuca, bebemos cerveja. E antes de dormir, tomamos todos banho de mar...rsrsss.
       O luz verde era o point das noites da Ilha do Mel em Encantadas. Num dos dias, o Edu, morador temporário da Ilha, que se tornou um grande amigo, levou uma garrafa de Cataia feita por ele. Cataia é uma bebida típica do litoral norte do estado do Paraná. É preparada com as folhas da cataia, que é uma erva medicinal, curtida em cachaça. O nome cataia vem do tupi-guarani e quer dizer "folha que queima."


Cataia



        Morro do Sabão

       No 2º dia, fomos eu, a Maitê, que tornou-se uma grande amiga na Ilha, e o Edu à Praia do Mar de Fora, e caminhamos até o Morro do Sabão. Próximo ao pé do morro, ainda na praia do Mar de Fora, tem uma bica d'água. O Edu, que conhecia bem a região, disse para tomar cuidado na hora de beber água, que por ali tinha cobra. Por isso, para se aproximar da bica, ele ia batendo forte os pés no chão, para espantar as possíveis cobras que estivessem escondidas por ali. Fiquei meio receosa, mas fui andando sobre as pedras, batendo os pés como ele, até chegar na bica para poder beber água. Já aproveitei e tirei também o sal do meu cabelo,
       Do alto do morro do Sabão, a vista é muito linda! De um lado avista-se a Praia do Mar de Fora (à direita, na foto), e do outro vê-se a Praia do Miguel (à esquerda, na foto). O Wellington, que estava morando por um tempo na ilha, disse-me que dava para pular de asa-delta do alto do morro. Eu fiquei animada!!! Mas não rolou, que o amigo dele que faz o voo não estava na Ilha por aqueles dias.
       A subida do morro do sabão é um tanto cansativa. Tem uma parte com escadas irregulares de pedras e uma parte de caminho de terra. Um bom exercício para as pernas!!! Mas vale a pena, já que é o jeito para chegar à Praia do Miguel.

Alto do Morro do Sabão


          Praia do Miguel

       A Praia do Miguel é muito linda também (Aliás, eu amei a Ilha do Mel! Lugar lindo, bem preservado. Um paraíso perdido no litoral do Paraná!!!). Estava bem deserta também, mas teve um dia que tinha muita gente surfando. Encontrei o Wellington, inclusive, descendo o Morro do Sabão com sua prancha. Ele até me ofereceu umas aulas (sou louca para aprender a surfar!!!), mas tenho uma certa insegurança de nadar no mar... (Taí algo a superar: aprender a nadar bem para perder o medo de fundo, e poder surfar!!!).
     Andando pela praia do Miguel, encontramos uma ossada de golfinho. Tinha morrido aquela semana... :/ Até a pele dele estava relativamente intacta, amontoada perto da ossada.


Ossada de Golfinho encontrada na Praia do Miguel


          Gruta Encantadas

       A Gruta Encantadas, localizada na praia das Encantadas, é uma fenda natural de 20 m de altura. Recebe esse nome pois, de acordo com a lenda, da Gruta saíam sereias que dançavam e cantavam na praia das Encantadas, atraindo os barcos que, guiados por seus cantos, acabavam batendo nas pedras.
       A trilha da praia onde fica o Trapiche das Encntadas até à Gruta é curta, cerca de 15 min. Fui duas vezes à Gruta da Encantadas. A primeira vez estava ventando muito, e chuviscando, o que dificultava até passar pelo deque de madeira que fica sobre as pedras até à Gruta. Nesse dia, não cheguei a entrar na Gruta. Saindo de lá, ainda tomei uma tempestade de areia na cabeça na praia do Mar de Fora. Enrolei-me na canga extra que havia trazido na bolsa. Dali corri, morrendo de frio, para o único abrigo ali perto, além da casinha do salva-vidas, que é um estabelecimento com vários bares e restaurantes dentro. Depois de me secar e trocar de roupa, bora tomar uma ceva, ou "bera", como diz o pessoal do Paraná...hehe... Alguns amigos que moraram na ilha sentaram também, e ficamos ali, comendo, bebendo, e batendo papo. Depois voltei ao hostel, tomei um banho quente, e descansei um pouco pra curtir a vida noturna da Ilha.
       Na segunda vez, fomos em um grupo maior, e o tempo estava um pouco melhor, apesar de ainda ventar bastante (como dá para perceber no vídeo). Como o Edu estava conosco, conseguimos entrar dentro da Gruta. O acesso é pelas pedras mesmo, e tem que esperar as ondas recuarem para finalmente descer das pedras e correr para o interior da Gruta. Seu interior é pequeno, mas bem interessante. Suas paredes do fundo eram feitas de uma pedra bem escura.


Gruta Encantadas

Caminho para a Gruta Encantadas




        Curtindo a noite


         Bar Toca Raul

       Fizemos uma espécie de esquenta no bar Toca Raul. É um bar todo estiloso, cujo dono é o Hernane, que está brindando comigo com a "Meleca". Meleca é uma bebida que ele mesmo inventou, e faz sucesso na Ilha... rsrssss.
     

Brinde com o Hernane com a Meleca
   
       O bar, na verdade, é também a sua casa, talvez o que torne o bar tão peculiar e interessante. Com uma decoração muito detalhista, cheia de cores, colagens, tecidos com a imagem de Bob Marley, Shiva, tigre, e claro, de Raul Seixas também... hehe
       Ah, o gato da foto não foi ligado na tomada. É de verdade...rsrsss


BarToca Raul

       
Bar Toca Raul

       Cavalo Marinho

       De lá, fomos para o Cavalo Marinho. É um lugar com um salão e uma área aberta. Naquela noite, estava rolando reggae e forró, que aliás, são os sons que ditam o ritmo da Ilha.
       Eu sou muito ligada à música. Em geral, minhas viagens têm uma trilha sonora. E as duas músicas que conheci lá, adorei, e se tornaram as músicas dessa viagem, foram: Sorri, Sou Rei, do Natiruts, e Vejo Depois, do Rael da Rima.


       Chames

       É uma espécie de bar, frequentado principalmente pelos nativos da Ilha. Lugar simples. Mas diverti-me bastante cantando as músicas do Raimundos e do Charlie Brown Jr. com os moradores da ilha, que eram amigos do Edu.


       Desbravando a Ilha

       Nesse dia, nos despedimos da Maitê. Depois fui com o Edu desbravar a Ilha. Saímos em torno de 12h do hostel, e só voltamos 20h30. Foi uma caminhada e tanto!!! Acho que andamos mais de 20 Km ida e volta. Foi a partir desse passeio que tomei gosto por trilhas.
       Começamos passando pela Praia do Mar de Fora. Subimos o Morro do Sabão, atravessamos a Praia do Miguel. Na ponta da Praia do Miguel, tivemos que atravessar algumas pedras para chegar à Praia Grande. Nessa travessia pelas pedras deve-se ter bastante cautela. Há pedras grandes para subir, algumas menores também, mas nessas tem que se ter cuidado para não ser derrubado pelas ondas. O Edu foi muito bacana, e me ajudou na travessia, mas vimos um pessoal passar perrengue, porque há pontos que quando a maré recua, você deve passar rápido pela água rasa, para subir numa pedra mais alta. Se não fizer isso rápido, você corre o risco da onda voltar, e lhe jogar contra as pedras, ou mesmo da maré lhe puxar. Por isso, deve-se fazer essa travessia o mais cedo possível, que é quando a maré está mais recuada.
       Passamos pela Praia Grande, onde encontrei essa bolacha do Mar grande. Muito bonita!

Bolacha do Mar
       Continuamos nossa caminhada até o Farol das Conchas, foi quando o Sol resolveu aparecer, garantindo-me essa foto linda abaixo:

A caminho do Farol das Conchas
     
       Farol das Conchas

       E eis que chegamos no Farol das Conchas. Esse Farol foi construído em 1872, por ordem do Barão de Cotegipe, no Reinado de D. Pedro II, e desde essa época até hoje, orienta os navegantes na Baía de Paranaguá. Feito todo em ferro, foi importado da Escócia (Fonte: Secretaria de estado da Cultura-PR).
       Do alto do Farol, é possível ver quase toda a ilha. Uma vista maravilhosa! Mas infelizmente não é possível adentrar no Farol. Inclusive, a área está até um pouco abandonada. É uma pena...


Farol das Conchas

       Continuamos a nossa caminha rumo à Fortaleza. E eis que o Farol foi ficando para trás, como mostra a foto abaixo:

Ao longe, Farol das Conchas

       O bom dessa caminhada é que o tempo estava nublado e a temperatura agradável. Continuamos nosso caminho pela praia, e vi uma quantidade imensa de água-viva rosada, como mostram as fotos abaixo:

Água-viva

Água-viva

       Todo o cuidado é pouco, já que a queimadura de uma água-viva pode ser bastante dolorosa.
      Algo que também observei é que parecia que o mar estava quase para engolir algumas casas. Sacos de areia foram colocados para evitar o avanço das marés, como mostram as fotos:







        Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres

       Aproximamo-nos da Fortaleza. A maré já estava meio alta, por isso tivemos que ser rápidos: quando a onda recuou, corremos no cantinho das pedras para subir as escadas que levam à Fortaleza.

Chegando à Fortaleza

Fortaleza

       A construção da Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres teve início em 1767, durante o Reinado de D. José I em Portugal. sendo concluída em 1769. Trata-se do único exemplar da arquitetura militar do século XVIII, no Paraná.
       Foi construída na Ilha do Mel graças à sua posição estratégica, já que está localizada bem à entrada da Baía de Paranaguá. Assim, passou a ter um papel importante de defesa, servindo também de prisão.
       Inclusive, durante a Segunda Guerra Mundial, a ilha esteve sob ocupação de forças militares,
medida considerada indispensável à proteção do porto e Baía de Paranaguá.


Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres


Bateria de Canhões

Espessura da Parede da Fortaleza

       A Fortaleza está instalada no Morro da Baleia. No alto do morro, foi construída, no início do século XX, uma bateria de canhões (como mostra a foto abaixo de um dos canhões) de maior alcance, e dotados de equipamentos giratórios que permitiam a guarda dos dois canais de acesso da baía, o antigo ao norte e o da Galheta, ao sul.

Canhão próximo das trincheiras no alto do Morro da Baleia
   
       Depois desse passeio incrível, preparei uma janta no hostel. Estava morta: de fome e de cansaço! Peguei uma panela de alumínio que, de tão fina, queimou só de eu colocar na chama do fogão, além de queimar o meu arroz. Mostrei para o Pedrão, dono do hostel, perguntando quando eu deveria pagar pela panela, e já achando que levaria uma bronca, mas para a minha surpresa, o Pedrão nem esquentou, e disse que precisava mesmo jogar aquela panela fora.
       Nunca cozinhar foi tão difícil e cansativo. Minhas costas doíam de tanto andar, pular pedras, subir morros. Mas eu havia prometido aquele jantar, e o Edu merecia, por ter me acompanhado naquela caminhada.
       Jantamos praticamente em silêncio, exaustos...rsrsrss. Naquele dia, nem quis saber de curtir a noite na Ilha. Estava morta de cansada. Mas também, aquela seria a única noite que não saí nas badalações da ilha.


       Transporte - Volta

       Acordei cedo para pegar o barco junto com o pessoal de São Carlos rumo à Pontal do Sul. De lá, eles gentilmente me deram uma carona até Morretes, de onde eu tomei um trem, que passa dentro da Serra do Mar, até Curitiba.
     Deu uma espécie de nostalgia de ver a ilha se afastando aos poucos. A Ilha do Mel deixou grandes ensinamentos para mim. Passar uma semana lá foi uma experiência única. Fiquei feliz por ter vivido um pouco da vida local, conhecido pessoas com uma cultura e estilo de vida tão diferentes.

Barco que faz o transporte para a Ilha do Mel

       Para quem quer um refúgio natural, com lindas paisagens preservadas, certamente vai amar a Ilha do Mel!




terça-feira, 19 de agosto de 2014

Chapada dos Veadeiros-GO (English Version)

On april's holiday this year, my two adventurous friends and me decided to go to Chapada dos Veadeiros-GO, to spend some days.
Sick and tired about the daily routine, all that we wanted for that days was to be in a peaceful place, with nature around and nice tour. As the Chapada dos Veadeiros was an old dream for me, I've invited them to this trip and they liked.
As one of my friends lives near from the region and she already knows something about the Chapada, we didn't make big plans, and decided to follow her advices about the places to visit. However, a good planning involving the places to visit is essential when you go to a region where you have never been before.
As soon as we arrived in the Chapada, the first place we visited was São Bento's waterfall. Of all the waterfalls we have gone, this waterfall has the easier path to follow: short hiking with easy access.
The Chapada has plenty of astonishing beauty places, but the more beautiful the place is, the more difficult is the access to achieve this. So, if you want to seize the best of Chapada, you need to be prepared to face long hiking, where you need some good fitness. But I can affirm: every droplet of sweat is well worth when you arrive in every waterfall, every belvedere. The landscape that you see is as a reward for the effort.

São Bento's Waterfall

After relaxing a bit in São Bento’s waterfall, we continued our way toward São Jorge’s Village, the place where we had booked the inn. And there is the gift we had during the way: this amazing sunset!

End of the Afternoon

In the second day of the trip, we went to Vale da Lua. When we arrived there, we had to sign a book with our data, in case of some eventuality. And it is really efficient, because I’ve lost some money in the glasses box, and they got in touch with me to devolve it.
The ticket to entrance to Vale da Lua costs R$ 10,00. And you have to walk about 1.200 m to arrive there. Vale da Lua, that in English is Moon Valley, really resembles to lunar surface (by the photos we already know, as mere mortal humans have never been there before…). It’s awesome!!! It’s a unique place, different from all that I’ve ever seen before!!!

Among the craters where the river passes by, in a part of the valley, there is a natural pool, with a rope to delimit the local of permanence, because there is some current.     

Vale da Lua

After a good lunch in a restaurant of a local family, we walked a bit toward Praia do Jatobá, that is a river with cold water and some little stones surrounded by nature.

Praia do Jatobá

At night, we walked around São Jorge’s Village, and we decided to go to Taiuá, a kind of camp with bar and music. One good band, Jeremias na Estrada, was playing a reggae. It was a nice place, where who was camping there could sleep looking to the stars, because the bed was in a structure without roof!!! Very cool!!!
We went to the inn quite early, because our focus was in the hiking trails. And doing the hiking being hungover it’s not the best choice! Not only because of the bad physical condition, but it is also because the hazard involved. Even though the Chapada is a very beautiful place, there are many abysses there.
In the third day of the trip, we went quite early to the Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, which is considered as Natural World Heritage by UNESCO (United Nations, Educational, Scientific and Cultural Organization). We did the hiking toward the canyons, that is about 10 Km (round trip). The level of difficulty of this hiking is medium. For this kind of hiking, it is better to contract a tourist guide, because this professional knows as nobody the region, avoiding the risk to get lost in the park. Furthermore, the Chapada dos Veadeiros is plenty of waterfalls, so, there is a risk of sudden flash floods in case of raining, making the hiking a dangerous activity. So, the tourist guide orients us about the places we have to avoid in periods of rain.
As the tourist guide knows as nobody the region, only this professional is capable to guide us about the places we must avoid during the raining, because of the risk of sudden flash floods. We went to the region in a good period, that is when the weather is dry. Without raining, the tour becomes easier and without risks of sudden flash floods. Taking account about this, the best period to visit the region is between the months of April and September.
During the hiking, it is possible to perceive how the biome of the Brazilian Cerrado is: vegetation of small trees with twisted branches, thick leaves (just to lose less water). It is common to say that the trees of the Cerrado resemble to an inverted forest, because, due to the tropical climate (and dry during a long period), the trees have deep roots (which can reach up to 20 m of depth) that permit them to reach the groundwaters. There are also beautiful flowers in the rustic vegetation of Cerrado. Among of them, there is the Candombá flower, whose oil has analgesic effect. Our tourist guide has said to us that is possible to find orchids (but we weren’t lucky enough them). A very nice little plant too is the Chuveirinho.
Along the way, it is possible to see the scars of mining by deep holes left on the ground in the last decades. One thing that caught my attention was the huge quantity of crystals around the way. So beautiful!

Below, there are some photos taken along this hiking:

Candombá Flower
Chuveirinho



Canyon II



Carioquinha's Waterfall




In the fourth day of the trip, we did a hiking of about 8 Km (round trip), which level of difficulty is hard. For this hiking, we also contracted a tourist guide, that was the same of the hiking of the canyons; His name is Nil. Nil is a nice person, very careful with us, and he also talked about some stories about the Chapada dos Veadeiros.
This hiking was really harder. We went at first to Abismo, that is a belvedere of an eye-catching landscape. There are 2 waterfalls on this place that form a natural pool with a stunning color. Our first thought was to enter on the waterfall to refresh us, but the tourist guide suggested to continue the hiking, and leave the waterfalls to the end of the tour.
We went down the hill, passed through a plain ground, where there are some little ways of water on the ground, and arrived in another hill. We started to climb the hill, what it wasn’t easy. But we were well prepared for this: we had bottles of water, which we filled up during the way; bananas, to provide energy to us, and cereal bar, to relieve the hunger.
Some parts of the climbing were steeper, so, we had to hold to branches, stones. It was a very good physical exercise!!! But when we arrived to Janela, it was too much rewarding!!! It was well worth every droplet of sweat!!! The landscape was gorgeous!!! There are 2 big stones that build something like a window. This is the reason for the name be Janela (window, in English). By the view of this window, you can see an amazing waterfall so far away. We have climbed the 2 big stones. Although in the right stone the climb is easier, I wasn’t courageous enough to climb this, because you can see the cliff behind you!!! For me, it was terrifying!!! Even though the left stone was harder to climb, I preferred this, because I cannot see the cliff. On the left stone, I could see the park by a 360º view!!! It was really fantastic!!! Speechless!!! I could be for hours admiring that wonderful landscape!!!

We went down the hill very happy and realized, and when we had to climb the Abismo’s hill again, it was milder after see something so awesome!!! And the end of the hiking was to spend the rest of the afternoon in the Abismo’s natural pool… kkkk

Abismo's Natural pool
Abismo's Natural pool

Janela

In the final day of the trip, we did a zip line of 850 m of length and 55 m high. So cool!!! After this, we did a hiking toward Almécegas I’s waterfall. This hiking wasn’t so long, but it was really hard! Near from the waterfall, we had to hold in some ropes to went down the hill, because the downhill was very steep. One more time, I affirm: It is well worth every droplet of sweat by the reward we had of being in a so beautiful place!!! Sitting in some of the stones with the head under the waterfall, it’s priceless!!!

Unfortunately, we didn't have time enough to know the Almécegas II, but some people said to us that Almécegas I is more beautiful than Almécegas II.

Zip-Line

So, this is the end of our trip!!! With many adventurous in the luggage and many plans for the futures hikings in the places that unfortunately we didn’t have time enough to know. Even with a whole life, it is impossible to explore all the natural beauties of Chapada dos Veadeiros!!!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Chapada dos Veadeiros-GO

       Em meados de abril desse ano, eu e mais duas amigas aventureiras decidimos passar uns dias na Chapada dos Veadeiros-GO.
       Diante da exaustiva correria do dia-a-dia, tudo o que queríamos para aquele feriado era nos refugiar num lugar roots, com muita natureza e passeios legais. E como essa Chapada era um sonho antigo, agitei o passeio e minhas amigas toparam!!!
       Não fizemos grandes planejamentos, mesmo porque uma das meninas mora próxima à região, e já conhecia alguns dos lugares da Chapada, então confiamos bastante na sua expertise sobre a Chapada em relação aos passeios. Mas um planejamento envolvendo o roteiro dos lugares a se visitar é essencial quando se viaja para um local onde você nunca esteve.
      Logo que chegamos, nossa primeira parada foi na Cachoeira São Bento. De todas as cachoeiras pelas quais passamos, essa foi a de caminho mais fácil. Trilha curta, incluindo caminhos com tablados e acesso relativamente fácil. 
       A Chapada é repleta de lugares de beleza estonteante, mas parece que quanto mais bonito o lugar, mais difícil é o acesso. Portanto, se você quer desfrutar o melhor da Chapada, deve vir também com bastante energia para encarar trilhas longas e algumas que exigem um certo esforço físico. Mas uma coisa lhes garanto: vale cada gota de suor, pois ao chegar em cada cachoeira, cada mirante, a vista que se tem é como um presente que recompensa todo o esforço.

Cachoeira São Bento
        Após relaxar um pouco na Cachoeira São Bento depois de algumas horas de viagem, botamos novamente o pé na estrada a caminho da Vila de São Jorge, que foi onde nos hospedamos. E olha o presente que ganhamos no meio do caminho: um pôr-do-sol maravilhoso como este!


Fim de Tarde
       No 2º dia da viagem, fomos ao Vale da Lua. Logo ao chegar, temos que assinar um livro com nossos dados, para caso de alguma eventualidade. E realmente eles entram em contato, pois perdi minha caixinha dos óculos com dinheiro dentro, e eles realmente entraram em contato, devolvendo-me tudo.
       A entrada no Vale da Lua custa R$ 10,00. E o acesso se dá através de uma trilha de 1200 m. Ao chegar ao local, a vista é surpreendente. Tal qual o nome já diz, o lugar se parece mesmo com a superfície lunar (Pelo menos pelas fotos que conhecemos, afinal, meros mortais nunca estiveram lá, neh...). É impressionante!!! Um lugar muito diferente de tudo o que já vi!!!
       Em meio às crateras por onde correm as águas, há numa parte do Vale da Lua uma piscina natural. Num ponto, inclusive, há uma corda delimitando o local que se deve ficar, já que a correnteza é um pouco forte.
       

Vale da Lua

       Após um almoço bem gostoso no restaurante/ casa de uma família da região, fizemos uma pequena trilha para chegar à Praia do Jatobá, que é um rio com áreas bem rasas contornado pela mata, de águas geladas com bastantes pedras.

Praia do Jatobá

       À noite, demos uma volta pela Vila de São Jorge, e um lugar com um agito interessante era o camping Taiuá. Naquela noite, tava rolando uma reggaera com uma banda muito boa, a Jeremias na Estrada. O lugar era realmente muito peculiar, e quem acampava ali podia dormir olhando as estrelas nuns colchões que ficavam numas casas de madeira sem teto. Demais!!!
     Não ficamos por lá até altas horas, mesmo porque nosso foco eram as trilhas. E na boa, fazer trilha de ressaca não rola! Não somente pela condição física no outro dia, mas também pelo risco, já que a Chapada é um lugar muito lindo, mas também é cheia de abismos. Então estávamos bem regradas, dormindo não muito tarde e nada de chapação!!!
       No nosso 3º dia na Chapada, fomos cedo para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que é considerado como Patrimônio Mundial Natural da UNESCO (United Nations, Educational, Scientific and Cultural Organization). Fizemos a trilha dos Cânions, de cerca de 10 Km (ida e volta), que é uma uma trilha de dificuldade nível médio. Para esse tipo de trilha, aconselho contratar um guia habilitado, pois ninguém melhor que esse profissional para nos orientar durante a caminhada, evitando assim, o risco de se perder no parque. Além disso, a Chapada dos Veadeiros é uma região abundante de cachoeiras, com isso, há também um grande risco de trombas d'água, o que pode tornar a trilha um passeio bastante perigoso. Como exímio conhecedor da região, esse profissional saberá orientar sobre os locais que devem ser evitados devido a esse risco em épocas de chuva. Fomos numa época muito boa, que é o inicio da estiagem. Sem chuvas, o passeio torna-se muito mais fácil e sem riscos de trombra d'água. Levando isso em consideração, o melhor período para se conhecer a região está entre os meses de abril e setembro, que é justamente o período de seca.
       Durante a trilha é possível perceber bem como é o bioma do Cerrado: vegetação de pequeno porte, árvores com galhos retorcidos, folhas grossas (justamente para perder menos água). Costuma-se dizer que as árvores do Cerrado são como uma floresta invertida, pois devido o clima tropical (e seco durante um longo período), as árvores, apesar de baixas, possuem raízes profundas (que podem atingir até 20 m de profundidade), que possibilitem que atinjam os lençóis freáticos. Há também belas flores despontando coloridas em meio à vegetação aparentemente rústica do Cerrado. Uma delas é a flor do Candombá, cujo óleo possui efeito analgésico. O guia nos disse, inclusive, que era possível encontrar também orquídeas (mas não tivemos a sorte de ver nenhuma). Uma plantinha bem simpática também é o Chuveirinho.
       Ao longo do caminho, também é possível ver as marcas deixadas pelo garimpo através de buracos profundos, dos tempos de busca dos tesouros do solo. Algo que também me chamou a atenção é a quantidade de cristais pelos caminhos da trilha. Muito lindo!
       Abaixo seguem algumas fotos tiradas ao longo dessa trilha:

Flor Candombá
Chuveirinho



Cânion II



Cachoeira da Carioquinha




       No nosso 4º dia de Chapada dos Veadeiros, fizemos uma trilha de 8 Km (ida e volta), porém, de nível de dificuldade difícil. Para essa trilha, também contratamos um guia, que foi o mesmo da trilha dos Cânions, o Nil. Além de gente boa, ele era sempre muito cuidadoso com a gente, além de contar um pouco da história da região.
       Essa trilha realmente foi muito mais pesada. Começamos passando pelo Abismo que, como o próprio nome já diz, é um mirante com uma vista fantástica. Ali também tem duas cachoeiras, onde cada uma forma uma piscina natural com uma cor maravilhosa. Claro que a primeira coisa que pensamos foi em entrar na água pra se refrescar, mas o guia sugeriu para prosseguirmos com a trilha e deixar de recompensa pra volta.        Descemos, então o morro, passamos por uma parte plaina, onde é possível observar vários caminhos de água no chão, até chegarmos num outro morro. Começamos uma nova subida, que não foi nada fácil. Fomos bem equipadas também!!! rsrsrsss. Levamos garrafa de água, que a gente reabastecia ao longo do caminho, bananas para dar energia, e barra de cereal para tapear a fome. A subida tinha partes mais íngremes, onde tínhamos que segurar em galhos, pedras. Um exercício e tanto!!! Mas ao chegar na Janela, foi muito gratificante!!! Valeu todo o cansaço!!! A vista é simplesmente extraordinária!!! Há duas pedras que formam mesmo uma espécie de janela, e lá ao longe se avista uma cachoeira. Subimos depois na pedra. Na pedra da direita, apesar de ser mais fácil, não tive coragem de subir, porque dá pra ver bem o despenhadeiro atrás de você. A pedra da esquerda é mais alta, mas preferi subir por ela, que não deu tanto medo. Em cima da pedra, ter aquela vista 360º do parque foi algo sensacional!!! Indescritível!!! Ficaria horas ali só admirando aquela paisagem maravilhosa!!!
       Descemos felizes e contentes, e a subida do morro do Abismo foi até mais suave depois daquela vista espetacular. O que nos restou foi passar o resto da tarde na piscina natural... rsrsss.


Piscina Natural do Abismo
Piscina Natural do Abismo

Janela
       No nosso último dia de viagem, fizemos uma tirolesa de 850 m de comprimento e 55 m de desnível. Muito bom!!! Em seguida, fizemos uma caminhada até a cachoeira da Almécegas I. Essa caminhada não foi das mais longas, mas foi bem puxada. Chegando perto da cachoeira, tínhamos que segurar em cordas, tamanho o declive. Mas mais uma vez, valeu cada gota de suor derramado, pois o lugar é muito lindo!!! Sentar embaixo de uma das pedras com a cabeça debaixo da cachoeira, não tem preço!!!
       Infelizmente, não deu tempo de ir até à Almécegas II, mas também nos disseram que a I era mesmo mais bonita.


Tirolesa
       E assim terminou a nossa viagem!!! Com muitas aventuras na bagagem e muitos planos para futuras trilhas em lugares que infelizmente não deu tempo pra conhecer. Talvez nem com uma vida inteira seja possível desbravar todas as belezas naturais da Chapada dos Veadeiros!!!