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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Chapada dos Veadeiros-GO

       Em meados de abril desse ano, eu e mais duas amigas aventureiras decidimos passar uns dias na Chapada dos Veadeiros-GO.
       Diante da exaustiva correria do dia-a-dia, tudo o que queríamos para aquele feriado era nos refugiar num lugar roots, com muita natureza e passeios legais. E como essa Chapada era um sonho antigo, agitei o passeio e minhas amigas toparam!!!
       Não fizemos grandes planejamentos, mesmo porque uma das meninas mora próxima à região, e já conhecia alguns dos lugares da Chapada, então confiamos bastante na sua expertise sobre a Chapada em relação aos passeios. Mas um planejamento envolvendo o roteiro dos lugares a se visitar é essencial quando se viaja para um local onde você nunca esteve.
      Logo que chegamos, nossa primeira parada foi na Cachoeira São Bento. De todas as cachoeiras pelas quais passamos, essa foi a de caminho mais fácil. Trilha curta, incluindo caminhos com tablados e acesso relativamente fácil. 
       A Chapada é repleta de lugares de beleza estonteante, mas parece que quanto mais bonito o lugar, mais difícil é o acesso. Portanto, se você quer desfrutar o melhor da Chapada, deve vir também com bastante energia para encarar trilhas longas e algumas que exigem um certo esforço físico. Mas uma coisa lhes garanto: vale cada gota de suor, pois ao chegar em cada cachoeira, cada mirante, a vista que se tem é como um presente que recompensa todo o esforço.

Cachoeira São Bento
        Após relaxar um pouco na Cachoeira São Bento depois de algumas horas de viagem, botamos novamente o pé na estrada a caminho da Vila de São Jorge, que foi onde nos hospedamos. E olha o presente que ganhamos no meio do caminho: um pôr-do-sol maravilhoso como este!


Fim de Tarde
       No 2º dia da viagem, fomos ao Vale da Lua. Logo ao chegar, temos que assinar um livro com nossos dados, para caso de alguma eventualidade. E realmente eles entram em contato, pois perdi minha caixinha dos óculos com dinheiro dentro, e eles realmente entraram em contato, devolvendo-me tudo.
       A entrada no Vale da Lua custa R$ 10,00. E o acesso se dá através de uma trilha de 1200 m. Ao chegar ao local, a vista é surpreendente. Tal qual o nome já diz, o lugar se parece mesmo com a superfície lunar (Pelo menos pelas fotos que conhecemos, afinal, meros mortais nunca estiveram lá, neh...). É impressionante!!! Um lugar muito diferente de tudo o que já vi!!!
       Em meio às crateras por onde correm as águas, há numa parte do Vale da Lua uma piscina natural. Num ponto, inclusive, há uma corda delimitando o local que se deve ficar, já que a correnteza é um pouco forte.
       

Vale da Lua

       Após um almoço bem gostoso no restaurante/ casa de uma família da região, fizemos uma pequena trilha para chegar à Praia do Jatobá, que é um rio com áreas bem rasas contornado pela mata, de águas geladas com bastantes pedras.

Praia do Jatobá

       À noite, demos uma volta pela Vila de São Jorge, e um lugar com um agito interessante era o camping Taiuá. Naquela noite, tava rolando uma reggaera com uma banda muito boa, a Jeremias na Estrada. O lugar era realmente muito peculiar, e quem acampava ali podia dormir olhando as estrelas nuns colchões que ficavam numas casas de madeira sem teto. Demais!!!
     Não ficamos por lá até altas horas, mesmo porque nosso foco eram as trilhas. E na boa, fazer trilha de ressaca não rola! Não somente pela condição física no outro dia, mas também pelo risco, já que a Chapada é um lugar muito lindo, mas também é cheia de abismos. Então estávamos bem regradas, dormindo não muito tarde e nada de chapação!!!
       No nosso 3º dia na Chapada, fomos cedo para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que é considerado como Patrimônio Mundial Natural da UNESCO (United Nations, Educational, Scientific and Cultural Organization). Fizemos a trilha dos Cânions, de cerca de 10 Km (ida e volta), que é uma uma trilha de dificuldade nível médio. Para esse tipo de trilha, aconselho contratar um guia habilitado, pois ninguém melhor que esse profissional para nos orientar durante a caminhada, evitando assim, o risco de se perder no parque. Além disso, a Chapada dos Veadeiros é uma região abundante de cachoeiras, com isso, há também um grande risco de trombas d'água, o que pode tornar a trilha um passeio bastante perigoso. Como exímio conhecedor da região, esse profissional saberá orientar sobre os locais que devem ser evitados devido a esse risco em épocas de chuva. Fomos numa época muito boa, que é o inicio da estiagem. Sem chuvas, o passeio torna-se muito mais fácil e sem riscos de trombra d'água. Levando isso em consideração, o melhor período para se conhecer a região está entre os meses de abril e setembro, que é justamente o período de seca.
       Durante a trilha é possível perceber bem como é o bioma do Cerrado: vegetação de pequeno porte, árvores com galhos retorcidos, folhas grossas (justamente para perder menos água). Costuma-se dizer que as árvores do Cerrado são como uma floresta invertida, pois devido o clima tropical (e seco durante um longo período), as árvores, apesar de baixas, possuem raízes profundas (que podem atingir até 20 m de profundidade), que possibilitem que atinjam os lençóis freáticos. Há também belas flores despontando coloridas em meio à vegetação aparentemente rústica do Cerrado. Uma delas é a flor do Candombá, cujo óleo possui efeito analgésico. O guia nos disse, inclusive, que era possível encontrar também orquídeas (mas não tivemos a sorte de ver nenhuma). Uma plantinha bem simpática também é o Chuveirinho.
       Ao longo do caminho, também é possível ver as marcas deixadas pelo garimpo através de buracos profundos, dos tempos de busca dos tesouros do solo. Algo que também me chamou a atenção é a quantidade de cristais pelos caminhos da trilha. Muito lindo!
       Abaixo seguem algumas fotos tiradas ao longo dessa trilha:

Flor Candombá
Chuveirinho



Cânion II



Cachoeira da Carioquinha




       No nosso 4º dia de Chapada dos Veadeiros, fizemos uma trilha de 8 Km (ida e volta), porém, de nível de dificuldade difícil. Para essa trilha, também contratamos um guia, que foi o mesmo da trilha dos Cânions, o Nil. Além de gente boa, ele era sempre muito cuidadoso com a gente, além de contar um pouco da história da região.
       Essa trilha realmente foi muito mais pesada. Começamos passando pelo Abismo que, como o próprio nome já diz, é um mirante com uma vista fantástica. Ali também tem duas cachoeiras, onde cada uma forma uma piscina natural com uma cor maravilhosa. Claro que a primeira coisa que pensamos foi em entrar na água pra se refrescar, mas o guia sugeriu para prosseguirmos com a trilha e deixar de recompensa pra volta.        Descemos, então o morro, passamos por uma parte plaina, onde é possível observar vários caminhos de água no chão, até chegarmos num outro morro. Começamos uma nova subida, que não foi nada fácil. Fomos bem equipadas também!!! rsrsrsss. Levamos garrafa de água, que a gente reabastecia ao longo do caminho, bananas para dar energia, e barra de cereal para tapear a fome. A subida tinha partes mais íngremes, onde tínhamos que segurar em galhos, pedras. Um exercício e tanto!!! Mas ao chegar na Janela, foi muito gratificante!!! Valeu todo o cansaço!!! A vista é simplesmente extraordinária!!! Há duas pedras que formam mesmo uma espécie de janela, e lá ao longe se avista uma cachoeira. Subimos depois na pedra. Na pedra da direita, apesar de ser mais fácil, não tive coragem de subir, porque dá pra ver bem o despenhadeiro atrás de você. A pedra da esquerda é mais alta, mas preferi subir por ela, que não deu tanto medo. Em cima da pedra, ter aquela vista 360º do parque foi algo sensacional!!! Indescritível!!! Ficaria horas ali só admirando aquela paisagem maravilhosa!!!
       Descemos felizes e contentes, e a subida do morro do Abismo foi até mais suave depois daquela vista espetacular. O que nos restou foi passar o resto da tarde na piscina natural... rsrsss.


Piscina Natural do Abismo
Piscina Natural do Abismo

Janela
       No nosso último dia de viagem, fizemos uma tirolesa de 850 m de comprimento e 55 m de desnível. Muito bom!!! Em seguida, fizemos uma caminhada até a cachoeira da Almécegas I. Essa caminhada não foi das mais longas, mas foi bem puxada. Chegando perto da cachoeira, tínhamos que segurar em cordas, tamanho o declive. Mas mais uma vez, valeu cada gota de suor derramado, pois o lugar é muito lindo!!! Sentar embaixo de uma das pedras com a cabeça debaixo da cachoeira, não tem preço!!!
       Infelizmente, não deu tempo de ir até à Almécegas II, mas também nos disseram que a I era mesmo mais bonita.


Tirolesa
       E assim terminou a nossa viagem!!! Com muitas aventuras na bagagem e muitos planos para futuras trilhas em lugares que infelizmente não deu tempo pra conhecer. Talvez nem com uma vida inteira seja possível desbravar todas as belezas naturais da Chapada dos Veadeiros!!!




Um comentário:

  1. Demais, Carla! Lugar maravilhoso esse da Chapada dos Veadeiros.Estará em um dos meus próximos roteiros de viagem, com certeza.Esse nosso Brasil é lindo e vale a pena conhecer cada cantinho da natureza em nosso país.Belo blog e parabéns pela iniciativa de divulgação e excelente trabalho!

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